taste that Pink venom

Quando os primeiros passeios à Hogsmeade começaram, Isabella não hesitou em participar disso, um dia longe da papelada e do trabalho, sem dúvidas seria bem vindo. A diretora estava um tanto sonolenta, por conta da noite anterior ter virado a noite para terminar trabalho que estava atrasado, coçando levemente os olhos. Tomou seu café da manhã no Salão Principal, onde os alunos encontravam-se animados com a possibilidade de um fim de semana fora das paredes do Castelo de Hogwarts. Por mais que amasse aquela escola, até mesmo a ex-atriz devia admitir: ficar naquele local por dias, pode ser um tanto claustrofóbico e sair por algumas horas, faria um bem absurdo e com certeza, lhe recarregaria as energias que faltavam nos últimos dias. No pátio de entrada da escola, após comer devidamente, via Svetlana, a vice-diretora, recolhendo as autorizações dos alunos, quando foi surpreendida por uma sensação de peso em seu braço.

— Se olhar mais o queixo vai cair. — A voz de Agnessa tirou a Nottingham dos devaneios, a empurrando de leve.

— Eu te odeio. — Murmurou. — Vamos, temos que entrar na carruagem. — Lembrou, puxando de leve a bibliotecária e diretora da Sonserina, para uma das carruagens reservadas à funcionários e docentes.

O trajeto das carruagens até o vilarejo demorou cerca de meia hora, quando finalmente pararam. Com cuidado, a mais velha das duas mulheres na carruagem, no caso Isabella, desceu primeiro, para ajudar Agnessa a descer. Ajeitou-se em seu casaco para que ficasse bem aquecida, caminhando em passos tranquilos por Hogsmeade. Via os alunos correrem e se dispersarem, para locais variados, como a Casa dos Gritos, alguns para o Três Vassouras e outros para... Bom, ela não gostava de imaginar aquilo, para ser justa. Caminhando ao lado a Ostenske, a Nottingham sorriu aliviada, ao sentir um cheiro de doces, seguindo em direção à Dedosdemel. Sem dúvidas doces novos tinham acabado de sair do forno, recém preparados. Em meio ao trajeto, repreendia um aluno ou outro que fazia algo que não devia, como jogar neve naqueles que estavam quietos, derrubavam pessoas e assim sucessivamente.

Dentro da Dedosdemel, o cheiro de doces se acentuava e ficou mais agradável, o que fez com que Bella se sentisse novamente, uma criança. Olhando-lhe a distância com um largo sorriso aos lábios, quem poderia dizer que ela estava mais perto dos 40 anos, que dos dez anos, não?  A Nottingham experimentava alguns dos doces que ficavam como amostra grátis, com curiosidade e  dedicação, afinal ela sempre foi de ficar na cozinha quando sua mãe cozinhava, gostava de raspar panelas e colheres dos diversos doces que ela fazia durante sua infância, sentindo uma nostalgia familiar aproveitando os doces daquela loja. Endireitou-se, com um sorriso gentil para a Ostenske que mais parecia preocupada com as suas próprias compras e buscar os doces que lhe apeteciam para comprar e comer em algum momento de seu trabalho.

Entretanto, a alegria de Isabella não durou muito.

Quando tentou dar um passo para a frente, parecia que seu corpo não lhe obedecia, a diretora de Hogwarts estava presa, como em um feitiço, mas ela sabia bem: não era um feitiço. Num segundo, ela começou a sentir uma falta de ar e começou a tossir, o que fez uma Agnessa distraída com seus doces, assim que viu e percebeu Isabella, fosse até ela e tentasse lhe ajudar, mas nada era eficiente. Os olhos da Nottingham se tornaram esbranquiçados e reviraram por completo, seu corpo mesmo paralisado parecia entrar em convulsão, os espasmos eram o mesmo de uma. Entretanto, em um rompante, os espasmos pararam e a diretora começou a olhar para o nada, com uma expressão distante, como se ela não controlasse seus atos e seu corpo, quase como se estivesse possuída por alguma entidade.

— Quando a noite cair, aquela que tenta salvar vidas perecerá por aquele que amava. O sangue jorrado pelo amante irá assombrar não apenas aquele que a vida tirou, mas sua família. — Em uma voz que não pertencia à Isabella, mas que era grossa e grave, como uma possessão, a diretora de Hogwarts recitava aquelas palavras.

Quando as últimas palavras foram ditas, os olhos novamente viraram e a sensação de falta de ar tomou conta do corpo da Nottingham, que caiu inconsciente no chão da Dedosdemel, a última coisa que ela ouviu, ou ela podia jurar que ouviu, foi Agnessa chamar seu nome preocupada.

Isabella abriu os olhos com dificuldade, vendo que se encontrava em um lugar diferente da Dedosdemel. O local em que se eoncotrava, tinha um cheiro forte, como de cabra, foi ai que ela percebeu que estava no Cabeça de Javali. Analisando o ambiente melhor, percebeu que sua cabeça estava sobre o colo de alguém, a Ostenske estava ao seu lado, em uma expressão séria para si. Confusa, a mulher continuou a inspecionar o local, vendo alguns dos professores a rodeando e quando finalmente virou a cabeça para ver quem era o proprietário do colo, onde repousava, se surpreendeu ao ver que era Svetlana. Com cuidado, levantou-se do colo da vice diretora, para se sentar. Fez um gesto para que os outros docentes e funcionários de Hogwarts que ali estavam, fossem embora, aquela multidão estava lhe deixando desconfortável.

— A última coisa que eu lembro, foi que eu estava na Dedosdemel com a Agnessa, depois me deu um branco, mas lembro de desmaiar. — Com certeza, seria uma das perguntas: qual a última coisa que se lembra? — O que foi que aconteceu? — Questionou.

— Você começou a ter falta de ar, uma espécie de convulsão, seus olhos ficaram brancos do nada. Então você  falou algo, uma profecia, se não me engano. — Agnessa explicou. — Quando a noite cair, aquela que tenta salvar vidas perecerá por aquele que amava. O sangue jorrado pelo amante irá assombrar não apenas aquele que a vida tirou, mas sua família. Foi isso que você disse. Então, você desmaiou. E antes que você me pergunte o que Svetlana está fazendo aqui...-  — A Ostenske foi interrompida.

— Eu entrei na Dedosdemel e te achei desmaiada no chão, lamento ter te trazido ao Cabeça de Javali, o cheiro não é muito bom, eu sei. Mas era o unico estabelecimento que estava vazio. — A Bratva concluiu a narrativa. — O que aconteceu? — Demandou.

— Malditos Céus — Resmungou para si mesma. — Vamos sair daqui, eu preciso estar bem bêbada para te explicar isso, Svetlana. — Afirmou, se levantando.

Com o olhar das duas mulheres sobre si, Bella se retirou do local em que estava, cansada e em busca de uma boa bebida.