meeting old friends

Por mais que a mente de Nicholas ainda buscasse processar o ataque repentino que tinha sofrido, o ato de inverter as posições e ficar por cima da jovem, era o único ato que pensava que poderia atrasar um pouco o que viesse a acontecer e especialmente: ele sair gravemente ferido, afinal já não esperava sair completamente ileso, a partir do momento em que o punhal lhe foi pressionado contra sua garganta. As frases no  idioma desconhecido pelo inglês era algo que apesar de tentar buscar os significados, ou o que ela pudesse estar gritando contra si, não chegava em nenhuma conclusão clara. Com toda a certeza, nunca tinha saído com ela e esquecido de ligar no dia seguinte, o que ele já tinha feito, na época ele quase tinha parado no hospital pelo tanto que apanhou.

A jovem tentava se soltar, exatamente como esperava, mas ao aumentar um pouco da força que usava, percebeu que aquelas investidas tinham diminuído um pouco, mas não cessado. Arqueou a sobrancelha, quando ela começou a falar inglês, sentindo-se grato.  Já tinha sido chamado de coisas piores, o que o fez rir baixo.

— Pode me chamar de filho da puta, querida, não é como se fosse a primeira vez que dizem isso para mim. — Comentou. — Quando eu tenho uma mulher bonita embaixo de mim, eu geralmente espero que ela me olhe com tesão ou desejo, não com vontade de arrancar minha cabeça. Essa é a primeira vez que não sou olhado assim por uma mulher. — Soltou, de modo impulsivo. Com certeza, seus neurônios estavam à mil e não funcionavam, por flertar descaradamente com alguém que queria o matar.

O comentário que se seguiu da mulher ali, se referiu ao fato dela ser acostumada com mentiras e já  saber seus truques, o que fez com que o britânico quisesse rir alto, mas foi retirado de seus devaneios e do desejo de rir, quando ele sentiu o chute em sua virilha, que o fez cair de imediato ao chão e por instinto, levar as mãos à região agredida, depois de soltar um grito de dor, seguido por um palavrão que se fosse ouvido por seu pai, sem dúvida lhe deixaria de castigo por um bom tempo. Quando a dor começou a aliviar o suficiente para que ele se levantasse, o que levou alguns minutos, apesar da dificuldade, Nicholas o fez.

— Eu faço parte do clube de teatro de Divine Ground, mas não sou um ator tão bom assim. — Soltou.

A dor ainda era sentida e apesar da vontade de querer sair dali e deixar a garota maluca ali falando sozinha, algo lhe dizia que se ele fizesse isso, ela viria atrás de si e o atormentaria. A mera indicação de que Nicholas era trapaceiro, o ofendeu, mas aquilo mudou quando um nome foi citado: Loki. Ele sabia bem quem era aquela entidade, o deus nórdico das trapaças e das mentiras. Agora, fazia sentido para ele. Estava sendo confundido com alguém que não era, por alguma razão. E o idioma que a outra usava, devia ser de algum lugar da região escandinava, mas não poderia afirmar qual, por não ser de sua área de conhecimento ou domínio. Naquele momento, deixou que a presença feminina gritasse consigo, o xingasse, mas surpreendentemente, aquilo não aconteceu, as palavras exibiam um tom de dor.

Dessa vez, decidiu que não seria guiado pelo instinto de flertar descaradamente que apitava, por conta do nervosismo que sentia com aquela presença. Era quase magnética, não conseguia afastar os olhos dela por muito tempo.

— Eu sei que Loki é um vilão dos quadrinhos da Marvel, baseado na figura nórdica do mesmo nome, qual deles está se referindo? — Seu instinto o fez soltar aquela zombaria, mas pelo olhar pesaroso da mais nova, era sem dúvida, a divindade. Não que ele acreditasse em um outro panteão existindo. — Eu não sei do que você está falando. Eu vim aqui, porque eu sou um semideus, estou aqui desde que fiz 22, estou de folga de meu trabalho. Sinto muito se esse Loki de quem fala, foi um merda e a abandonou, mas você está me confundindo com outra pessoa. Eu nunca vi você em minha vida, eu lembraria de você. — Seu timbre vocal era sério, sem piada ou sem flerte escondido. — Meu nome é Nicholas, não Loki, não sei se vai acreditar. — Suspirou, observando o punhal em sua mão.

Com certeza seu fim viria antes do esperado, por mãos de uma garota raivosa, mas particularmente? Nicholas esperava morrer cercado de sua esposa, seus filhos e ao menos um dos seus netos. Com certeza, aquela fantasia não se realizaria.