Quando o plantão de Nicholas acabou naquela manhã, mesmo ele sendo o diretor do hospital, ele ainda era um excelente cirurgião, fazia todas que lhe eram possíveis e seus deveres administrativos não lhe impediam. Acabou por não dormir, virando a noite acordado por resolver uma documentação de um erro médico que poderia ser convertido em um processo, o que o deixava de um mal humor colossal. Passou as mãos sobre os cabelos, quase destruindo seu escritório, mas sentia pena de sua assistente se fizesse aquilo: ela teria de consertar sua bagunça e a coitada já era estressada e mal dormia direito por trabalhar consigo. Agradeceu aos céus, quando seu expediente tinha acabado e pôde ir para sua casa, dormir em sua cama, dormindo por um dia completo.

Assim que teve a coragem de acordar novamente, o britânico tomou seu banho, comeu algo e olhou para um panfleto de programações de eventos que ocorre pela capital francesa. Nicholas massageou suas têmporas, nada lhe apetecia naquele panfleto e decidiu que iria apenas passear e vagar por aí, até achar algo que o interessasse. Pegou suas chaves, varinha e a carteira, ao acabar seu banho e trocar de roupa, saindo do apartamento. Era raro que ele saísse apenas por estar cansado de ficar em casa, o Wainwright quando não estava de plantão apenas saía obrigado por amigos ou por sua família, preferia ficar em casa com um bom livro e um bom vinho. Então, faria bom proveito daquela ocasião tão rara, certo? Errado, ah como ele estava errado. A primeira coisa que se lembrou que se lembrou odiar, era a imensa fila do Museu do Louvre e os turistas tirando inúmeras fotos, que lhe bloqueava de andar.

— Malditos turistas... — Resmungou baixo o bastante para passar despercebido.

Alguns minutos de caminhada bastaram para Nicholas perceber duas coisas: a ideia de sair vagando pelas ruas de Paris sem um plano concreto, havia sido uma bela bosta e que ele não tinha paciência para quase nada, toda a paciência que tinha, ele parecia que gastava no hospital. Coloquem-no trabalho e com um paciente, ele ficava manso e calminho. Quando achou algo que o agradou, um pequeno café e uma livraria, o homem respirou fundo, sentando-se em uma mesa qualquer, pedindo uma bela xícara de café e um pedaço de torta, decidindo buscar um livro qualquer para ler, quando viu algo que lhe chamou a atenção: uma cópia de uma das obras de Shakespeare, Sonhos de uma noite de verão, chamou sua atenção. Pegou o livro, enquanto esperava para ter seu pedido atendido, mas acabou distraído quando sentiu um contato sobre seu ombro.

— Sim? Em que posso ajudar? — Questionou em seu tom profissional.