No momento em que Lisa chegou, o que Selene sentiu foi alívio. Ela estava conversando com Annika sobre algumas questões referentes às telas e a exposição, quando a Reinhardt virou a cabeça por alguns segundos, vendo a Sadwick. Por mais que seus instintos automaticamente quisessem lhe levar até a médica, ela se controlou, afinal o assunto tratado com a curadora, era algo prioritário e que precisava ser discutido. Massageou levemente suas têmporas para poder relaxar e trabalhar melhor, deixando um sorriso de canto escapar de seus lábios, desviando os olhos, para ver a noiva ao lado de Wendy e era bom de se ver aquilo, que a tailandesa estava bem acompanhada e que a Choi poderia a ajudar a evitar questões desnecessárias que viessem a ser incômodas para ela.

Depois de alguns minutos, após resolver algumas questões que apareciam de última hora que necessitavam de sua atenção, o alívio era evidente na face da diretora do Museu. Selene respirou fundo, deslizando os dedos sobre seus fios de cabelo, com cuidado para que não desfizesse seu penteado, mas a ajudasse a controlar seu nervosismo, era uma mania que ela tinha. No wall hall, foi onde a coreana finalmente conseguiu ver melhor a noiva e isso a fez sentir como se um imenso peso fosse removido de seus ombros. As conversas escassas e precárias devido ao recente plantão da Sadwick, que eram realizadas pelo face time parecia não ser suficiente para si e pelos olhos da companheira, percebia que para ela também não. Com os olhos na amada, ela não conseguia pensar em nada, mas ao ouvir algumas vozes, deixou um resmungo baixo em coreano escapar.

Segurando a mão da médica, deixou que ela lhe guiasse para a posição devida, para que os takes necessários fossem tirados pelos fotógrafos. Seus olhos não conseguiam se desvuncular da face de Lili, o que fazia com que fosse difícil para que Selene se concentrarasse e para a sua sorte, a presença da tailandesa ali, a ajudava a não estragar as fotos e quase sempre acabava copiando o que a outra fazia, em um mecanismo quase que involuntário. Depois de cinco minutos, aquela sessão de fotos finalmente tinha acabado. Ali, ela esperava ter um momento de paz com a noiva, até que tivesse de ir fazer o discurso de abertura, mas quando Wendy surgiu avisando que deveria ir naquele momento para discursar, se aquilo não fosse um evento público, com certeza ela teria matado a Choi. Controlou-se para não transparecer a frustração ali, mas sorriu para a Sadwick, após lhe ouvir.

— Eu preciso é de férias, não sorte. — Devolveu, com um sorriso cansado.  — Dá um jeito. — Pediu, com um sorriso divertido.

Quando Selene se afastou, apesar de suas frustações pessoais, não deixaria aquilo intervir em seu trabalho. Respirou fundo, endireitando-se, não fisicamente, onde se ajeita os cabelos ou roupa, sapatos, coisas desse gênero, mas organizou sua mente. Seguiu em direção ao espaço posicionado de uma artista renomada do país, Marie Wiëtzmann, uma pintora renomada, vendo durante seu trajeto que Miranda havia chegado, o que lhe deu um alívio, vendo que em instinto, seguiu em direção a Doofenshmirtz, que era uma das poucas amigas que tinha e mesmo a noiva tinha, com um sorriso de canto, estudando a mesma com atenção.

— Você está atrasada, Lili vai brigar com você, eu acho. Mas faça sua melhor cara fofa, que eu acho que ela te perdoa. Eu faço isso quando eu esqueço de comer algo, mas depois ela me faz comer na frente dela. — Confidenciou, com um tom divertido. — Se a Lisa perguntar, eu não falei nada. Preciso dar um discurso, ache a Lisa, vou atrás de vocês assim que acabar. — Avisou, antes de se afastar.

Ao seguir para a posição devida para seu discurso, ela viu que a música que tocava tinha sido encerrada e seus olhos voltaram-se para cima, onde acabou vendo Lisa e Miranda no espaço vip do evento, deixando um sorriso pacífico escapar de seus lábios. Annika pronunciava um breve discurso e a diretora do museu olhava para Wendy que estava ao seu lado, segurando sua mão. Os olhos de Selene passeavam ao redor buscando novos erros e falhas que deviam ser corrigidos ou revisados, mordendo de leve o próprio lábio inferior, para que quando a curadora acabasse, pedisse um espelho para a Choi, garantindo que não havia batom em seus lábios. Deixou um suspiro, observando os convidados, aproximando-se do microfone.

— Quando o Ätherisch foi construído, eu tinha cinco anos, minha mãe se dedicava ao museu, do mesmo modo que ela se dedicou a minha criação. Dizem que quando fazemos o que amamos, somos mais felizes e eu não consigo discordar dessa frase, porque apesar do meu cansaço, do meu estresse, eu faço o que amo. Cuidar do Museu da minha mãe, foi a maior responsabilidade que já tive na minha vida, isso equivale para um médico, a fazer uma cirurgia em um local de risco, que uma única falha, você pode matar seu paciente, mesmo que seja a mais simples. Entretanto, eu não trocaria essa responsabilidade por nada. — A Reinhardt fez uma pausa. — Eu poderia contar inúmeras histórias de como o museu não só fez parte da minha infância, da adolescência, da minha vida adulta e é ainda hoje, parte da minha vida, ou o quanto a área das artes é importante para mim, mas não farei isso, porque não é para isso que estamos aqui, uma sessão nostalgia. Caso queiram, a sessão nostalgia é no salão B no segundo andar. Estamos aqui, para celebrar, para olharmos o passado, para ele nos ajudar a crescer e vislumbrar o futuro. A exposição com celebridades e pessoas influentes  é um meio de mostrar que todos podem apreciar a arte, sejam as pessoas mais ricas até os com menos recursos, para acolher e ser um ambiente de inspiração, afinal em nossa sala de estar, nos cercamos por lembranças, coisas que amamos e é isso que quero. E como foram avisados, esse evento também é de caridade, então todos os lucros dos ingressos vendidos serão doados para a fundação Make a Wish de Berlim, para ajudar as crianças com câncer, enquanto a exposição ficar aberta ao público. Aproveitem a festa. — A diretora finalizou, com um sorriso de canto.

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Cientificamente, o conceito de amor, felicidade eram desconhecidos. Eram tratados quimicamente: a ocitocina conhecido como o hormônio do amor, era um dos responsáveis pelo aumento do desejo sexual, além dos hormônios conhecidos como os "neurotransmissores da felicidade", a endorfina, dopamina e serotonina. Mas, para Selene, aquele conceito era muito pouco e quase insignificante para se referir à amor. Enquanto ela avaliava as obras de Lili, com seu olhar analitico e apurado de uma diretora de Museu, era impossível ignorar a sensação de conforto e de calor que a tailandesa lhe dava, era tão reconfortante que para ser justa, ela queria esquecer de tudo aquilo e perder-se nos olhos da mesma, enquanto recebia seu carinho e beijos sobre sua testa ou cabeça, era o que mais gostava.

Quando pararam perto da obra favorita de Selene, que se localizava perto da porta, os comentários profissionais da Reinhardt eram levantados e o sorriso que recebeu da noiva, era a coisa mais preciosa para a diretora. Acabou por ouvir a porta ser aberta e se fechar, resmungando baixo um palavrão em coreano, esquecendo-se da presença de seus pais e sogros ali. A menção à Kim Dahyun deixou que a face da artista se modificados para uma de surpresa. Ela era uma artista conhecida e renomada e saber que ela tinha oferecido à sua noiva o que tinha oferecido, feriu seu orgulho profissional, mas não tinha como julgar a opinião da mulher, o talento de Lisa para fotografia devia ser reconhecido. Um suspiro escapou de seus lábios e poucos segundos depois, a coreana tinha se recomposto daquela ferida, para abrir um sorriso com as palavras da noiva e o beijo sobre sua testa.

— Todo artista tem sua obra favorita e uma musa, é uma honra ser a sua, Lili. — Murmurou, no tom mais sincero possível, sem esconder o amor sentido ou mesmo a felicidade daquele privilégio. Que sempre seria só seu.

Sendo guiada pela medica para ao final do salão, ela viu uma mesa com alguns pratos de comida, o que lhe fez abrir um soeriso, enquanto observava as opções ali. Por segundos, a noiva se virou e não prestou muita atenção no que ela tinha feito, focando apenas nos pratos que ali haviam, ela estava com fome. Seus pais e os sogros logo apareceram em seu campo de visão, dando um leve susto na Reunhardt que logo se recuperou, abraçando em instinto, sua mãe. O sorriso nos lábios da herdeira de Elizabeth e Franz era mais que evidente, seu pai olhava a esposa e sua filha abraçadas com um sorriso singelo e orgulhoso em seus lábios. Ali, Selene se sentiu completa.

Soltou-se de sua mãe, deixando que ela fosse se sentar para comer, mas antes que a diretora pudesse ir junto, sentiu uma das mãos de Lisa sobre seus ombros e instintivamente, virou-se em sua direção, com um sorriso gentil aos lábios após ouvir suas palavras.  

— Eu... — Selene deixou um sorriso escapar, talvez em algum momento, voltasse a expor suas pinturas, mas até que pensasse em um modo seguro para isso, que não precisasse vincular seus nomes às tela, ela deixaria que suas pinturas fossem vistas apenas por familiares e amigos. — Vou pensar nisso com cuidado. Obrigada, pois sei que ficará ao meu lado, não importando qual seja minha decisão... Eu te amo, Lili. — Murmurou, segurando a mão livre da Sadwick.

Com seus dedos entrelaçados aos da tailandesa, Selene a seguiu para onde fossem, sempre seguiria.