Para convencer Mikhail à ficar mais alguns minutos com Jasmine no quarto de ambos, não foi muito difícil para a Wainwright, apesar do trabalho que os esperavam, afinal antes de tudo, sua noiva era sua prioridade. Mortes e vinganças podiam esperar, Jasmine era única e insubstituível. Mas quando achou que era o suficiente por aquele momento, ele tirou seus braços da cintura da indiana com muita dificuldade, queria ficar ali com ela. Fez um carinho sobre sua face, abrindo um mínimo sorriso, estudando a expressão da comensal, beijando sua testa, enquanto sua mente forumulava como deviam trabalhar para matar aquele que tinha sido o mandante do atentado à sua noiva. Misha não era burro, sabia que o homem que tinha atacado Jas era apenas um peão, ninguém era louco o suficiente para atacar sua Espectro na cara e na coragem como o casal fazia. Era até cômico.
— Vá à casa do Vaillancourt, no 12 arrondissement na Avenue Ledru Rollin, uma mansão lá, número 4354, moya koroleva, ele tem um filho, Gaspard, de uns seis anos eu creio. Pegue o brinquedo que você notar ser o favorito dele e me traga. Se achar que precisa trazer algum documento importante sobre isso, também será útil, mas traga o brinquedo. Vá ao ponto de encontro em duas horas, se eu não estiver lá, você sabe o que fazer. — De modo prático e num tom de líder dos comensais, o Kuznetsov instruiu a noiva. — Por favor, Jas, por todos os seus deuses e santos... Tome cuidado com esses ferimentos. Eu posso perder tudo, mas... Não você. — Os olhos azuis estavam fixos na mulher, enquanto implorava.
Antes que ele pudesse dizer algo à mais, a voz de Jasmine soou novamente, retribuindo do beijo recebido, antes de a ver desaparecer nas sombras, suspirando em preocupação. Se dependesse de si, mataria os envolvidos sozinho, mas aquela vingança também era de Jas e não a tiraria dela.
Mancando pelas ruas de Paris, assim que saiu da Ripa, Mikhail apoiava-se em sua bengala, à caminho do local onde Jasmine tinha sido atacada, ele queria ver com seus próprios olhos. Alguns minutos de caminhada foram o suficiente, sentindo sua perna doer, massageando-a levemente, deixando um suspiro escapar. Em curtos passos, ele notou algumas manchas de sangue que sabia que algumas delas eram de sua noiva, outras de quem ela tinha feito sangrar pela audácia de a machucar, aquilo o fez sorrir orgulhoso. Ao erguer a cabeça aos céus, o russo observava Anastasiya sobrevoando como sua protetora, assim como a Wainwright era, quando saíam todas as noites. Ela era sua sombra na escuridão.
Ele tinha algumas horas até que Jas voltasse do 12 Arrondissement, então se retirou do local do crime, seguindo para longe, não queria mais ficar ali. Ele aproveitaria aquele tempo para poder cobrar algumas dívidas de alguns idiotas que o deviam. E assim, ele o fez por quase uma hora, até que decidiu que era tempo de ir para o ponto de encontro combinado com a Wainwright, verificando que faltava meia hora para o prazo combinado, era mais que o suficiente. Mischa seguiu para um beco escuro, visualizando o local em sua mente, aparatando para lá. Por alguns minutos, ele fazia algumas contas relacionada ao Clube do Corvo, para distrair-se, mas quando sentiu um arrepio familiar sobre sua espinha, ele sabia que Jasmine estava perto. Dito e feito, ele não a ouvia, não ouvia seus passos, mas ele sempre a via.
— Olá, Jasmine. — Um sorriso que não era visível para a indiana que abraçava suas costas, estava aberto, sentindo um beijo ali, antes dela lhe soltar. O rápido raciocínio de Jasmine Wainwright era uma das coisas que Mikhail amava, mas não o que tinha feito com que ele se apaixonasse. Isso, era sua risada. — Exatamente. E eu não ligo para o fato de ser poético, Jasmine. Eu ligo para o fato de que ele tentou te matar, ele tentou tirar você de mim. — Olhando para a indiana, ele não tentava esconder a raiva que sentia. — Você sabe que eu não ligo para eles brigando por território, tentando invadir nosso território, isso é coisa fácil de lidar, eu poderia deixar ele vivo com o filho. Mas o Vaillancourt perdeu qualquer chance de viver quando mandou alguém tentar te matar, Jasmine. Isso, eu não perdoo. — Segurando uma das mãos da mulher, entrelaçando seus dedos, ele a olhava.
Lado à lado, Mãos Sujas e a Espectro caminhavam, em busca de seu alvo.