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Qua Dez 14, 2022 10:22 am
I’VE BEEN WAITING AND ANTICIPATING, TO BE A BAD BITCH
I forgave you for breaking me down and treading on me too bad you lost your last chance
Dizem que pode ser difícil retornar para casa depois de um longo tempo fora, não somente por ter que se habituar a uma nova rotina, mas também pelas mudanças que ocorreram durante a ausência. Sem dúvida, a Itália havia sido a melhor opção para si desde a queda de Divine Ground, depois daqueles acontecimentos. Saíra dos Estados Unidos antes do incidente, é claro, mas ela tinha poucos laços que a prendiam naquele lado do oceano, um em específico. Explicar a Kendall o motivo de ter que voltar para casa foi algo difícil, Burkhard não conseguia entender direito o pai da italiana precisar dela em casa, e, sinceramente, nem Beatrice tinha uma concepção clara do porquê. Mas uma coisa era clara para a Cassano: se seu pai queria que ela deixasse a segurança da única cidade segura para um semideus, era porque as coisas estavam ruins na Itália e ele precisava não de Beatrice, sua filha, mas Beatrice, a verdadeira consigliere dos Cassano.

A moça, que já estava em Milão há quase dois dias, foi recebida por um dos capos de seu pai, o que era mais confiável em sua visão e na de Bernardo. Encontrava-se a seu lado naquele momento, na mansão dos Cassano, um tablet, onde era exibido um documento, traduzido recentemente do russo, contendo informações sobre negociações e aliança com a Bratva. Ela procurava oportunidades que poderiam ser benéficas para vantagem não somente para si, mas também para os russos, listando-as em um papel à parte, para poder repassar ao pai. E uma coisa que a jovem estranhava, era que o progenitor ainda não tinha visto lhe ver. Seu pai, por compromissos, muitas vezes se ausentava, mas sempre chegava antes, para lhe receber com um chocolate quente e biscoitos, mas, naquele dia, isso não ocorreu.

E sempre que não acontecia, seu pai lhe deixava algum recado de alguma maneira, explicando o motivo. E Bea não encontrou, ou ouviu nada.

Pietro. Mande alguém procurar meu pai, não estou gostando disso. Ele não costuma ficar muito tempo fora, ainda mais sem me dar uma explicação. — Comandou, pensativa. — Quero informações da vigilância do meu tio. Não sou idiota de achar que após tentar me matar, meu pai não o teria sob vigilância. Se acharem algo que indique que ele esteja por trás do sumiço do meu pai, tragam-no aqui, vivo de preferência, mas não exagerem. — Com a ordem dada, a Cassano suspirou, observando uma carta em específico.

A carta que a advogada tinha em mãos, era de Kendall. Quando Beatrice teve que deixar Divine Ground, não apenas anotou seu endereço na Itália para a outra, mas também esperando uma visita da prole de Júpiter, além de pedir que usasse aquilo para enviar cartas, já que a tecnologia era perigosa. Abriu o envelope, tirando o papel e lendo-o rapidamente, com um sorriso ao notar a caligrafia alheia, a qual notava certos traços específicos. Em seu conteúdo, mencionava acontecimentos recentes que poderiam ser relevantes, algumas coisas sobre sua vida, se havia tido algum problema de saúde, ou coisas similares, mas o que lhe marcou daquela vez e a deixou um tanto tensa, era uma frase em específico: “Eu espero que você esteja bem, Beatrice, eu gostaria muito de ver você de novo.” Aquelas palavras a fizeram sorrir.

Ao longo do dia, a consigliere aguardava resultados de seus comandos, enquanto entrava no escritório de seu progenitor, sentando-se à sua mesa. Desde criança, a jovem sempre se escondia no escritório do chefe da família quando alguma coisa a incomodava e isso, a fez decorar os segredos do local, como botões e passagens secretas. Alguns papéis estavam jogados sobre a mesa de carvalho, o mais recente era um relatório de um contador, sobre as finanças de um vinhedo, o vinhedo de um dos amigos de infância de seu pai, Emmanuel Millefiore, ela reconhecia o nome e a logomarca. Analisando o documento que pegou em mãos, percebia algumas alterações em valores, ao comparar com o documento que estava sobre a mesa. Dinheiro desviado. Aquilo a fez rir baixo, abrindo um pequeno sorriso.

Onde está aquele consigliere de merda do meu pai? Quero ele aqui o mais rápido possível. Se ele não vier com um convite simples, tragam-no à força. Eu quero todos que possam ter alguma coisa a ver com isso do Millefiore e o sumiço de meu pai aqui, além de um médico de prontidão. Que Plutão me perdoe, mandarei mais almas para eles. — Grunhiu, irritada. A porta havia sido aberta, tirando Bea de seus devaneios. — Diga Francesco. — Instruiu, deixando que seu assistente falasse.

Consigliere, procuramos as informações que requisitou da vigilância do seu tio. Infelizmente, ele está limpo. Alonzo Cassano está há alguns meses em Toscana e não há nenhuma informação dele ter saído de lá. Procuramos pagamentos ocultos para terceiros em todas as contas dele, que possa indicar alguma ligação com o que está acontecendo e não achamos nada. Então pedi para que os homens que fossem recolher seu tio, voltassem. — Os papéis foram entregues à Bea, que os olhou rapidamente, constatando que a palavra de Francesco era verdade.

Mandem investigar a fundo as operações de Emmanuel Millefiore e descubra o que ele fez com o dinheiro desviado. Se ele se vendeu aos Martinelli, eu vou foder esse filho da puta. — Garantiu.

Com um aceno de Francesco, a Cassano viu o homem se retirar e logo ela ficou sozinha.

•••

A manhã seguinte acabou sendo mais produtiva, já que Beatrice acordou com Francesco lhe informando que Lorenzo Di Maggio, o consigliere de seu pai, havia chegado e estava na sala de reuniões. A herdeira Cassano respirou fundo, enquanto tomava seu café da manhã, satisfeita com aquela notícia, apesar das preocupações com seu pai. Rezava para que Lorenzo fosse útil, enquanto rezava para não ser e fazer o que seu pai sempre quisera, o eliminar com uma desculpa pertinente para isso. Suspirou, seguindo para seu quarto, onde trocou de roupa e se arrumou devidamente, para ir em direção à sala de reuniões, com Francesco a seu lado.

Lorenzo Di Maggio era um homem na casa dos seus 45 anos. Era portador de cabelos pretos, mas que estavam tornando-se grisalhos e olhos azuis que chamavam a atenção de qualquer um. A mandíbula era bem traçada e parecia ter sido quebrada, assim como alguns dentes da boca do homem. Aquilo fez um sorriso abrir-se aos lábios da italiana mais jovem.

Eu espero que você seja útil. Mas sendo sincera, espero que não, adoraria matar você. — Admitiu, aproximando-se do homem. — Então, Di Maggio, é bom você me dizer tudo o que você sabe sobre o desaparecimento do seu pai, ou você vai ir para o inferno muito mais cedo. — O sorriso de Beatrice era genuíno.

E por que eu deveria dizer algo, Cassano? Você vai me matar de qualquer modo. Consigo aguentar inúmeros tipos de tortura, dor não me afeta. — Lorenzo murmurou, entediado.

Quem disse que vou torturar você? Querido, isso é a coisa mais fácil do mundo e não é tão divertido. Eu poderia simplesmente mandar matar sua família, mas não matamos crianças e mulheres. Poderia ir atrás de seus filhos adultos… — Idealizou. —  Diga-me o que quero saber e Guido vai viver para concluir sua faculdade e te dar netos. — Ameaçou.

Eu não sei nada sobre o desaparecimento do seu pai, eu juro pela vida dos meus filhos. — Aquilo era sagrado para os Cassano, filhos e pais. Então Beatrice soube ser verdade, ninguém usava daquilo, na família, se não fosse para algo verídico, pois a morte vinha para pais e filhos, que não fossem crianças, caso fosse achada a mentira. — Mas eu sei do Millefiore. — Soltou, aquilo fez a herdeira fazer um gesto para ele prosseguir. — Há alguns meses, Emmanuel reclamou que o preço da proteção e da taxa em relação ao vinho subiu, mas sabe que seu pai não aumenta isso sem uma explicação pertinente. Eu passei a informação para ele, e Emmanuel não gostou, suspeito que ele matou um dos amigos do seu pai na União. Depois disso, eu comecei a observar ele, ações do vinhedo estavam sendo vendidas para os Martinelli em busca de proteção, eles possuem um percentual maior de ação que os Cassano, depois disso, seu pai tentou me mandar negociar acordos com ele, mas não deu certo. Os documentos estão no meu escritório. — Lorenzo contava e de imediato, Francesco seguiu para o local indicado.

Francesco não demorou muito para voltar com os papéis que Beatrice iria querer, a Cassano passou os olhos sobre os documentos um a um, percebendo serem bons acordos. Lorenzo Di Maggio podia ser um babaca em sua concepção, não ser digno do posto de consigliere, mas era um homem de negócios que sabia como fazer seu trabalho. Fez um gesto para pedir a soltura do homem e que ele estava livre, saindo da sala de reuniões, para seu próprio escritório, onde ela mesma redigiria um acordo para Emmanuel Millefiore, pegando o telefone que ficava ali, fazendo algumas ligações para preparar o que iria necessitar. Naquela noite, uma surpresa aconteceu para os Cassano: Bernardo Sartori Cassano estava jogado quase morto na sala de estar da casa. E assustada, preocupada, Bea acolheu seu pai e gritou ordens para que o médico de prontidão atendesse seu pai.

Horas mais tarde, foi chamada pelo pai, que a olhou de maneira calculista, para que somente dissesse: “Se Emmanuel não aceitar seu acordo, ferre ele como você quiser.” O sorriso da herdeira era verídico, mas ela tinha uma pergunta em sua mente ainda: quem foi louco o bastante para sequestrar seu pai e o torturar?

•••

Por mais que Beatrice não quisesse deixar seu pai, a jovem reconhecia que deveria cuidar dos Millefiore o mais rápido possível, para evitar mais complicações. Um suspiro escapou da jovem, que pegou os documentos necessários, colocando-os em uma pasta, para seguir para seu quarto. Acabou tomando um rápido banho e se trocou, pegando um isqueiro de seu pai, que sabia ser um que ele queria se livrar, seria um bom simbolismo, iniciar um incêndio com o isqueiro que seu pai queria jogar fora, não? O vestido preto usado pela Cassano era simples e por cima, um casaco creme estava presente, deixando que ela ficasse devidamente arrumada para a ocasião. Respirou fundo, seguindo para o carro que a levaria à vinícola de Emmanuel.

—  Para a casa de Emmanuel, Francesco. — Solicitou.

Ao seu lado, havia um tablet ligado, Bea sabia bem que aparelhos eletrônicos e semideuses não se misturavam bem, era arriscado, mas ao longo dos anos que viveu na Itália, usava-os por breves momentos sempre que necessário, como naquela ocasião: um documento traduzido do coreano se fazia presente, em relação a alguns aliados no país. Assim que acabou a leitura, desligou o eletrônico. Um suspiro escapou, deitando a cabeça sobre o assento, idealizando seus próximos passos e a única coisa que esperava, era que Kendall estivesse longe o suficiente dessa confusão. Odiaria que ela fosse envolvida naquilo, e em especial, que ela lhe visse daquele modo, mas era arriscado. Alguma hora teria de contar a verdade, mas esperava que demorasse. Bea era egoísta, não queria também ser deixada e odiada pela Burkhard.

Durante o trajeto, um avião pulverizador era visto por si do carro, o que fez a advogada abrir um pequeno sorriso satisfeita, tendo seu olhar seguido por Francesco, o único que sabia o que iria acontecer, além de si mesma.

Mais alguns minutos se passaram, até que o carro parou em um portão, em frente a uma majestosa casa, onde uma placa com os dizeres "Vinícola Prezzo" era legível para qualquer um. Seguranças aproximaram-se do veículo e de Francesco, numa breve conversa, fazendo um gesto para lhe indicar e a Cassano se permitiu ficar visível para os homens e o portão logo sendo aberto e o automóvel adentrando a residência, até parar por completo. A advogada pegou sua maleta, descendo do carro, indicando para seu assistente lhe esperar perto dos jardins de entrada da residência. Odiaria que ele fosse morto no meio de seus planos, Francesco era competente e muito leal.

Guiada por um segurança, foi levada até aos jardins da residência, onde há alguns metros de si, Emmanuel Millefiore estava sentado sobre uma mesa, comendo. Rapidamente, a jovem foi revistada, assim como sua maleta, para ser permitida se aproximar do homem, que desviou os olhos da comida para lhe analisar.

Quem diria que Bernardo Cassano enviaria sua filha para lidar comigo. Achei que eu realmente fosse importante. — Comentou, num tom ofendido.

Mas você não é importante, Emmanuel. Só que você tem algo que meu pai quer e ele se encontra indisposto, por isso estou aqui. — Não deu brechas para o mais velho falar algo, sentando-se. Abriu sua maleta, deixando um papel específico à frente da mesa.

Se for um acordo, pode tirar de minha frente. Eu tomei posse das vinícolas legalmente. Os Cassano não tem praticamente nenhuma ação aqui. Você não tem o porquê estar aqui, pirralha. — Retrucou, sem tirar os olhos da comida.

Isso parece um acordo para você? Essa é o último ato de misericórdia do meu pai a um homem, que o ferrou e possivelmente matou um dos seus amigos na União. Se você assinar, não teremos problemas. — A jovem pontuou.

Isso é para ser uma ameaça ou uma tentativa de acordo? Eu não vou me arrepender de recusar, eu tenho apoio dos Martinelli e os Cassano não possuem praticamente nenhuma ação. E eu não matei Lucciano, não sou tão idiota. — Murmurou, entediado.

Não vai se arrepender? Certo. Arrependimentos são uma das piores coisas da vida, sabe? Estou dando uma chance para você se redimir, não começar uma guerra. — Bea murmurou, pensativa.

Tanto faz, saia daqui sua vadiazinha, diga a seu pai que não tenho interesse no que ele pode oferecer. — Advertiu, fazendo com que a Cassano se levantasse.

Vadiazinha? — Um riso baixo foi dado pela jovem que se aproximou do homem. — Você vai se arrepender do dia que decidiu me insultar, sua merdinha. — A Cassano recolheu seus pertences, fechando-os em sua maleta, antes de se retirar.

Se Beatrice e Francesco tivessem feito as contas corretamente, já teria dado tempo o suficiente para que o avião pulverizador chegasse ao fim da propriedade dos Millefiore e começasse a pulverização. A passos tranquilos, Bea andava para se retirar, sem pressa alguma, ouvindo o barulho dos motores do avião, com um sorriso, satisfeita. Tirou o isqueiro do bolso de seu casaco, abrindo-lhe e o fechando, para processar seus próximos passos, quando chegou aos gramados da entrada, olhando para os céus por alguns segundos, vendo o avião indo para longe da propriedade. A advogada acendeu o isqueiro, sem parar sua caminhada, jogando-o na grama. A gasolina que havia sido jogada pelo pulverizador serviria muito bem ao propósito da herdeira, queimar aquele vinhedo e aquilo lhe fez abrir um sorriso, entrando no carro, com Francesco dando a partida no mesmo segundo.

Olhando para trás, em parte do trajeto, a jovem conseguia ver o vinhedo queimando, mas se perguntava se havia sido exagerado.

Alguns minutos depois, quando chegou em casa, a jovem seguiu direto para o quarto do pai. Pediu informações do quadro de saúde do homem, sentando-se ao lado de sua cama, fazendo carinho em seus cabelos, quando um sorriso cansado escapou pelos seus lábios. Ao sair do ambiente, acabou sendo chamada por Pietro, que entregou para si, um envelope que havia chegado e estava fechado. Um suspiro escapou, mas abriu o envelope, retirando de dentro dele, um saco de plástico, com um líquido vermelho, sangue, e dentro havia algo metálico. A advogada abriu o plástico, buscando o metal, tirando-lhe de dentro, notando ser um colar. Limpou melhor o pingente, fazendo a única coisa que podia naquele momento:

Beatrice Cassano sorriu, uma risada escapou pelos seus lábios, assim como um grito. Tinham pessoas que realmente estavam implorando pela morte, não?


O pai da Beatrice aparecer do nada, sem detalhes, é propositalmente vago, isso será trabalhado em outra DIY, assim como o colar ensanguentado, o que serve de cliffhanger. Gatilhos para essa DIY são incêndio propositalmente causado numa vinícola, ameaça e coerção, além de ser mencioando sequestro, a tentativa de assassinato de Beatrice e vigilância sobre seu tio.
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Adendo: Menções honrosas à Kendall Burkhard
Where: Milão, Itália
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Dom Dez 18, 2022 1:07 am
Dizem que pode ser difícil retornar para casa depois de um longo tempo fora, não somente por ter que se habituar a uma nova rotina, mas também pelas mudanças que ocorreram durante a ausência. Sem dúvida, a Itália havia sido a melhor opção para si desde a queda de Divine Ground, depois daqueles acontecimentos. Saíra dos Estados Unidos antes do incidente, é claro, mas ela tinha poucos laços que a prendiam naquele lado do oceano, um em específico. Explicar a Kendall o motivo de ter que voltar para casa foi algo difícil, Burkhard não conseguia entender direito o pai da italiana precisar dela em casa, e, sinceramente, nem Beatrice tinha uma concepção clara do porquê. Mas uma coisa era clara para a Cassano: se seu pai queria que ela deixasse a segurança da única cidade segura para um semideus, era porque as coisas estavam ruins na Itália e ele precisava não de Beatrice, sua filha, mas Beatrice, a verdadeira consigliere dos Cassano.

A moça, que já estava em Milão há quase dois dias, foi recebida por um dos capos de seu pai, o que era mais confiável em sua visão e na de Bernardo. Encontrava-se a seu lado naquele momento, na mansão dos Cassano, um tablet, onde era exibido um documento, traduzido recentemente do russo, contendo informações sobre negociações e aliança com a Bratva. Ela procurava oportunidades que poderiam ser benéficas para vantagem não somente para si, mas também para os russos, listando-as em um papel à parte, para poder repassar ao pai. E uma coisa que a jovem estranhava, era que o progenitor ainda não tinha visto lhe ver. Seu pai, por compromissos, muitas vezes se ausentava, mas sempre chegava antes, para lhe receber com um chocolate quente e biscoitos, mas, naquele dia, isso não ocorreu.

E sempre que não acontecia, seu pai lhe deixava algum recado de alguma maneira, explicando o motivo. E Bea não encontrou, ou ouviu nada.

Pietro. Mande alguém procurar meu pai, não estou gostando disso. Ele não costuma ficar muito tempo fora, ainda mais sem me dar uma explicação. — Comandou, pensativa. — Quero informações da vigilância do meu tio. Não sou idiota de achar que após tentar me matar, meu pai não o teria sob vigilância. Se acharem algo que indique que ele esteja por trás do sumiço do meu pai, tragam-no aqui, vivo de preferência, mas não exagerem. — Com a ordem dada, a Cassano suspirou, observando uma carta em específico.

A carta que a advogada tinha em mãos, era de Kendall. Quando Beatrice teve que deixar Divine Ground, não apenas anotou seu endereço na Itália para a outra, mas também esperando uma visita da prole de Júpiter, além de pedir que usasse aquilo para enviar cartas, já que a tecnologia era perigosa. Abriu o envelope, tirando o papel e lendo-o rapidamente, com um sorriso ao notar a caligrafia alheia, a qual notava certos traços específicos. Em seu conteúdo, mencionava acontecimentos recentes que poderiam ser relevantes, algumas coisas sobre sua vida, se havia tido algum problema de saúde, ou coisas similares, mas o que lhe marcou daquela vez e a deixou um tanto tensa, era uma frase em específico: “Eu espero que você esteja bem, Beatrice, eu gostaria muito de ver você de novo.” Aquelas palavras a fizeram sorrir.

Ao longo do dia, a consigliere aguardava resultados de seus comandos, enquanto entrava no escritório de seu progenitor, sentando-se à sua mesa. Desde criança, a jovem sempre se escondia no escritório do chefe da família quando alguma coisa a incomodava e isso, a fez decorar os segredos do local, como botões e passagens secretas. Alguns papéis estavam jogados sobre a mesa de carvalho, o mais recente era um relatório de um contador, sobre as finanças de um vinhedo, o vinhedo de um dos amigos de infância de seu pai, Emmanuel Millefiore, ela reconhecia o nome e a logomarca. Analisando o documento que pegou em mãos, percebia algumas alterações em valores, ao comparar com o documento que estava sobre a mesa. Dinheiro desviado. Aquilo a fez rir baixo, abrindo um pequeno sorriso.

Onde está aquele consigliere de merda do meu pai? Quero ele aqui o mais rápido possível. Se ele não vier com um convite simples, tragam-no à força. Eu quero todos que possam ter alguma coisa a ver com isso do Millefiore e o sumiço de meu pai aqui, além de um médico de prontidão. Que Plutão me perdoe, mandarei mais almas para eles. — Grunhiu, irritada. A porta havia sido aberta, tirando Bea de seus devaneios. — Diga Francesco. — Instruiu, deixando que seu assistente falasse.

Consigliere, procuramos as informações que requisitou da vigilância do seu tio. Infelizmente, ele está limpo. Alonzo Cassano está há alguns meses em Toscana e não há nenhuma informação dele ter saído de lá. Procuramos pagamentos ocultos para terceiros em todas as contas dele, que possa indicar alguma ligação com o que está acontecendo e não achamos nada. Então pedi para que os homens que fossem recolher seu tio, voltassem. — Os papéis foram entregues à Bea, que os olhou rapidamente, constatando que a palavra de Francesco era verdade.

Mandem investigar a fundo as operações de Emmanuel Millefiore e descubra o que ele fez com o dinheiro desviado. Se ele se vendeu aos Martinelli, eu vou foder esse filho da puta. — Garantiu.

Com um aceno de Francesco, a Cassano viu o homem se retirar e logo ela ficou sozinha.



A manhã seguinte acabou sendo mais produtiva, já que Beatrice acordou com Francesco lhe informando que Lorenzo Di Maggio, o consigliere de seu pai, havia chegado e estava na sala de reuniões. A herdeira Cassano respirou fundo, enquanto tomava seu café da manhã, satisfeita com aquela notícia, apesar das preocupações com seu pai. Rezava para que Lorenzo fosse útil, enquanto rezava para não ser e fazer o que seu pai sempre quisera, o eliminar com uma desculpa pertinente para isso. Suspirou, seguindo para seu quarto, onde trocou de roupa e se arrumou devidamente, para ir em direção à sala de reuniões, com Francesco a seu lado.

Lorenzo Di Maggio era um homem na casa dos seus 45 anos. Era portador de cabelos pretos, mas que estavam tornando-se grisalhos e olhos azuis que chamavam a atenção de qualquer um. A mandíbula era bem traçada e parecia ter sido quebrada, assim como alguns dentes da boca do homem. Aquilo fez um sorriso abrir-se aos lábios da italiana mais jovem.

Eu espero que você seja útil. Mas sendo sincera, espero que não, adoraria matar você. — Admitiu, aproximando-se do homem. — Então, Di Maggio, é bom você me dizer tudo o que você sabe sobre o desaparecimento do seu pai, ou você vai ir para o inferno muito mais cedo. — O sorriso de Beatrice era genuíno.

E por que eu deveria dizer algo, Cassano? Você vai me matar de qualquer modo. Consigo aguentar inúmeros tipos de tortura, dor não me afeta. — Lorenzo murmurou, entediado.

Quem disse que vou torturar você? Querido, isso é a coisa mais fácil do mundo e não é tão divertido. Eu poderia simplesmente mandar matar sua família, mas não matamos crianças e mulheres. Poderia ir atrás de seus filhos adultos… — Idealizou. —  Diga-me o que quero saber e Guido vai viver para concluir sua faculdade e te dar netos. — Ameaçou.

Eu não sei nada sobre o desaparecimento do seu pai, eu juro pela vida dos meus filhos. — Aquilo era sagrado para os Cassano, filhos e pais. Então Beatrice soube ser verdade, ninguém usava daquilo, na família, se não fosse para algo verídico, pois a morte vinha para pais e filhos, que não fossem crianças, caso fosse achada a mentira. — Mas eu sei do Millefiore. — Soltou, aquilo fez a herdeira fazer um gesto para ele prosseguir. — Há alguns meses, Emmanuel reclamou que o preço da proteção e da taxa em relação ao vinho subiu, mas sabe que seu pai não aumenta isso sem uma explicação pertinente. Eu passei a informação para ele, e Emmanuel não gostou, suspeito que ele matou um dos amigos do seu pai na União. Depois disso, eu comecei a observar ele, ações do vinhedo estavam sendo vendidas para os Martinelli em busca de proteção, eles possuem um percentual maior de ação que os Cassano, depois disso, seu pai tentou me mandar negociar acordos com ele, mas não deu certo. Os documentos estão no meu escritório. — Lorenzo contava e de imediato, Francesco seguiu para o local indicado.

Francesco não demorou muito para voltar com os papéis que Beatrice iria querer, a Cassano passou os olhos sobre os documentos um a um, percebendo serem bons acordos. Lorenzo Di Maggio podia ser um babaca em sua concepção, não ser digno do posto de consigliere, mas era um homem de negócios que sabia como fazer seu trabalho. Fez um gesto para pedir a soltura do homem e que ele estava livre, saindo da sala de reuniões, para seu próprio escritório, onde ela mesma redigiria um acordo para Emmanuel Millefiore, pegando o telefone que ficava ali, fazendo algumas ligações para preparar o que iria necessitar. Naquela noite, uma surpresa aconteceu para os Cassano: Bernardo Sartori Cassano estava jogado quase morto na sala de estar da casa. E assustada, preocupada, Bea acolheu seu pai e gritou ordens para que o médico de prontidão atendesse seu pai.

Horas mais tarde, foi chamada pelo pai, que a olhou de maneira calculista, para que somente dissesse: “Se Emmanuel não aceitar seu acordo, ferre ele como você quiser.” O sorriso da herdeira era verídico, mas ela tinha uma pergunta em sua mente ainda: quem foi louco o bastante para sequestrar seu pai e o torturar?


Por mais que Beatrice não quisesse deixar seu pai, a jovem reconhecia que deveria cuidar dos Millefiore o mais rápido possível, para evitar mais complicações. Um suspiro escapou da jovem, que pegou os documentos necessários, colocando-os em uma pasta, para seguir para seu quarto. Acabou tomando um rápido banho e se trocou, pegando um isqueiro de seu pai, que sabia ser um que ele queria se livrar, seria um bom simbolismo, iniciar um incêndio com o isqueiro que seu pai queria jogar fora, não? O vestido preto usado pela Cassano era simples e por cima, um casaco creme estava presente, deixando que ela ficasse devidamente arrumada para a ocasião. Respirou fundo, seguindo para o carro que a levaria à vinícola de Emmanuel.

—  Para a casa de Emmanuel, Francesco. — Solicitou.

Ao seu lado, havia um tablet ligado, Bea sabia bem que aparelhos eletrônicos e semideuses não se misturavam bem, era arriscado, mas ao longo dos anos que viveu na Itália, usava-os por breves momentos sempre que necessário, como naquela ocasião: um documento traduzido do coreano se fazia presente, em relação a alguns aliados no país. Assim que acabou a leitura, desligou o eletrônico. Um suspiro escapou, deitando a cabeça sobre o assento, idealizando seus próximos passos e a única coisa que esperava, era que Kendall estivesse longe o suficiente dessa confusão. Odiaria que ela fosse envolvida naquilo, e em especial, que ela lhe visse daquele modo, mas era arriscado. Alguma hora teria de contar a verdade, mas esperava que demorasse. Bea era egoísta, não queria também ser deixada e odiada pela Burkhard.

Durante o trajeto, um avião pulverizador era visto por si do carro, o que fez a advogada abrir um pequeno sorriso satisfeita, tendo seu olhar seguido por Francesco, o único que sabia o que iria acontecer, além de si mesma.

Mais alguns minutos se passaram, até que o carro parou em um portão, em frente a uma majestosa casa, onde uma placa com os dizeres "Vinícola Prezzo" era legível para qualquer um. Seguranças aproximaram-se do veículo e de Francesco, numa breve conversa, fazendo um gesto para lhe indicar e a Cassano se permitiu ficar visível para os homens e o portão logo sendo aberto e o automóvel adentrando a residência, até parar por completo. A advogada pegou sua maleta, descendo do carro, indicando para seu assistente lhe esperar perto dos jardins de entrada da residência. Odiaria que ele fosse morto no meio de seus planos, Francesco era competente e muito leal.

Guiada por um segurança, foi levada até aos jardins da residência, onde há alguns metros de si, Emmanuel Millefiore estava sentado sobre uma mesa, comendo. Rapidamente, a jovem foi revistada, assim como sua maleta, para ser permitida se aproximar do homem, que desviou os olhos da comida para lhe analisar.

Quem diria que Bernardo Cassano enviaria sua filha para lidar comigo. Achei que eu realmente fosse importante. — Comentou, num tom ofendido.

Mas você não é importante, Emmanuel. Só que você tem algo que meu pai quer e ele se encontra indisposto, por isso estou aqui. — Não deu brechas para o mais velho falar algo, sentando-se. Abriu sua maleta, deixando um papel específico à frente da mesa.

Se for um acordo, pode tirar de minha frente. Eu tomei posse das vinícolas legalmente. Os Cassano não tem praticamente nenhuma ação aqui. Você não tem o porquê estar aqui, pirralha. — Retrucou, sem tirar os olhos da comida.

Isso parece um acordo para você? Essa é o último ato de misericórdia do meu pai a um homem, que o ferrou e possivelmente matou um dos seus amigos na União. Se você assinar, não teremos problemas. — A jovem pontuou.

Isso é para ser uma ameaça ou uma tentativa de acordo? Eu não vou me arrepender de recusar, eu tenho apoio dos Martinelli e os Cassano não possuem praticamente nenhuma ação. E eu não matei Lucciano, não sou tão idiota. — Murmurou, entediado.

Não vai se arrepender? Certo. Arrependimentos são uma das piores coisas da vida, sabe? Estou dando uma chance para você se redimir, não começar uma guerra. — Bea murmurou, pensativa.

Tanto faz, saia daqui sua vadiazinha, diga a seu pai que não tenho interesse no que ele pode oferecer. — Advertiu, fazendo com que a Cassano se levantasse.

Vadiazinha? — Um riso baixo foi dado pela jovem que se aproximou do homem. — Você vai se arrepender do dia que decidiu me insultar, sua merdinha. — A Cassano recolheu seus pertences, fechando-os em sua maleta, antes de se retirar.

Se Beatrice e Francesco tivessem feito as contas corretamente, já teria dado tempo o suficiente para que o avião pulverizador chegasse ao fim da propriedade dos Millefiore e começasse a pulverização. A passos tranquilos, Bea andava para se retirar, sem pressa alguma, ouvindo o barulho dos motores do avião, com um sorriso, satisfeita. Tirou o isqueiro do bolso de seu casaco, abrindo-lhe e o fechando, para processar seus próximos passos, quando chegou aos gramados da entrada, olhando para os céus por alguns segundos, vendo o avião indo para longe da propriedade. A advogada acendeu o isqueiro, sem parar sua caminhada, jogando-o na grama. A gasolina que havia sido jogada pelo pulverizador serviria muito bem ao propósito da herdeira, queimar aquele vinhedo e aquilo lhe fez abrir um sorriso, entrando no carro, com Francesco dando a partida no mesmo segundo.

Olhando para trás, em parte do trajeto, a jovem conseguia ver o vinhedo queimando, mas se perguntava se havia sido exagerado.

Alguns minutos depois, quando chegou em casa, a jovem seguiu direto para o quarto do pai. Pediu informações do quadro de saúde do homem, sentando-se ao lado de sua cama, fazendo carinho em seus cabelos, quando um sorriso cansado escapou pelos seus lábios. Ao sair do ambiente, acabou sendo chamada por Pietro, que entregou para si, um envelope que havia chegado e estava fechado. Um suspiro escapou, mas abriu o envelope, retirando de dentro dele, um saco de plástico, com um líquido vermelho, sangue, e dentro havia algo metálico. A advogada abriu o plástico, buscando o metal, tirando-lhe de dentro, notando ser um colar. Limpou melhor o pingente, fazendo a única coisa que podia naquele momento:

Beatrice Cassano sorriu, uma risada escapou pelos seus lábios, assim como um grito. Tinham pessoas que realmente estavam implorando pela morte, não?
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Dom Out 22, 2023 8:36 pm
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