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Queen
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Queen
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Ter Jul 07, 2020 6:01 pm
Seung Hyun acordou no alojamento da sua Coorte, em meio ao barulho e o Jung estava cansado de alguns compromissos que tinha tido no Senado, já que ser o centurião da II Coorte, não era nada fácil, lidar com os semideuses caóticos e os instruir para que pudessem ter um excelente progresso no treino, era engraçado a ser que nem mesmo ele tinha e nem sabia exatamente como ele tinha virado o líder responsável por aquele grupo de semideuses. Respirou fundo, se levantando da cama e com o seu pijama de coelhinhos, começou a caminhar em direção ao que quer que tivesse o despertador e interrompido o seu tão sagrado sono.

O fim da caminhada o levou em direção ao Túnel Caldecott, onde os semideuses novos chegavam, que eram permitidos a seguir a sua jornada por Lupa e os seus olhos buscavam quaisquer resquícios que fossem da pessoa, o que preocupava o Jung, que recebeu uma espada de um colega da Coorte que o percebeu desarmado, sorrindo em gratidão, posicionando-se para enfrentar o que viesse a sair de monstro, porém o que os olhos de Hyun captaram, nada mais que um homem de uma idade próxima à sua pelo que reparava das feições, tinha sido arrastado pelos semideuses que faziam as patrulhas. Os olhos do britânico pararam por fim, no corpo desmaiado, analisando com calma. Os seus olhos se encheram de lágrimas.

— Isso só pode ser brincadeira. Se é uma ilusão de alguém, desfaz, agora! — Gritou, sentindo o coração destroçado.

— Hyun o que foi? — Michelle, a sua colega centurião olhava.

— Meu ex-namorado, Michelle. Zhenghao. É uma ilusão dele, não tem como. Ele morreu faz quatro anos. — Em meio às lágrimas, Hyun se lembrava novamente daquele dia.

— Hyun. Isso não é uma ilusão, eu sou filha de Trívia. — Com a mão sobre o ombro do Jung, a mulher pronunciava e aquilo foi o bastante. O britânico desatou a chorar.

O Jung começou a sentir uma súbita falta de ar, sentia que o peso no seu peito era do tamanho do mundo e não conseguia voltar ao normal, enquanto sentia o peito doer e um desconforto ali. Já o seu coração, ele sentia acelerado e o seu corpo tremia, enquanto parecia usar isso sem deixar de chorar e não conseguia focar em nada, enquanto sentia que iria desmaiar ou mesmo morrer com aquela agonia. Ele sabia que estava a ter um ataque de pânico e não tinha tido um desde o dia que Zhenghao tinha sido tirado de si. A única coisa que saia de si era apenas um nome: Hao. Queria os braços do namorado sobre si, não conseguia acreditar naquilo. Hyun não soube bem quanto tempo se passou ou como o acalmaram do episódio de pânico, mas sabia que se encontrava na Principia, cercado de pessoas que tinha uma amizade na II Coorte e dos Pretores, mas o Jung não conseguia parar de chorar. Estava encolhido em um dos espaços do local, balançando o seu corpo para cima e para baixo, repetindo na sua mente, uma música em mandarim que Zhenghao cantava para si quando ele ficava ansioso ou nervoso e aquilo o acalmava com uma extrema mestria. Quando parou de se balançar e perceber o que estava a acontecer, o homem ficou ansioso e sentia vontade de vomitar, mas não podia fazer isso.

— Quero ver o Hao. — Pediu, numa voz tímida. Era estranho para eles, ver quem sempre tinha uma postura tão séria e imponente, tão vulnerável.

— Só depois que você comer algo e se arrumar. Quer dizer, está de pijama. — Michelle pontuou.

— Não ligo se estou de pijama. Eu só quero ver ele. — De um modo quase infantil, o Jung explicou.

Porém, Hyun não conseguiu sair dali até comer alguma coisa e foi o que fez. Após comer, não se importava muito com o fato de estar de pijamas, Zhenghao já lhe havia visto em situações mais constrangedoras. Em passos apressados, o Jung finalmente tinha chegado à enfermaria do Acampamento e os seus olhos passavam pelo local, em busca do chinês e assim que o achou, seguiu até ele e com um suspiro, os seus dedos deslizaram sobre os seus fios escuros, num carinho constante que não conseguia deixar de fazer, sentindo o cheiro gostoso que emanava do mesmo, à medida que fitava as expressões e linhas do rosto tão conhecido por si, se curvarem num sorriso de covinhas que amava.

• • •

Por quase três dias, Zhenghao ficou inconsciente e Hyun ia todos os dias na enfermaria, depois de cumprir com as suas obrigações e só saía do seu lado para comer ou para ir dormir no alojamento, pois sabia que se Hao estivesse ali, ele brigaria consigo por descuidar da própria saúde. Estava ansioso para que ele acordasse, para que pudesse dizer o quanto o amava e tinha sentido a sua falta, mas principalmente, sanar a curiosidade do que realmente tinha acontecido e isso o agonizava. Ele daria um jeito para que o chinês ficasse na sua Coorte consigo e isso era um requisito para si, afinal nunca queria o perder novamente. Os anos sem ele, tinham sido um inferno.

Na quarta noite, Hyun se encontrava com um livro de direito em mãos, à medida que mantinha o carinho que tanto gostava de fazer sobre os fios do seu chinês, quando sentiu umas movimentações vindas do corpo abaixo de si e isso o fez largar o objeto num rompante, gritando por ajuda. Não sabia se era o mesmo acordando, ou alguma coisa grave acontecendo e nem era louco de arriscar a vida do mesmo. O seu coração se encontrava agoniado naquele momento, do mesmo modo que se encontrou quando o monstro quase matou-lhe e o seu amor tinha sido atacado e ele queria chorar com aquela possibilidade dele estar-lhe a deixar, porém, as suas lágrimas viraram de alegria, ao ver pares de olhos tão familiares lhe observando com um carinho que ele sentia uma falta imensa.

— Hyun... — Rindo de modo abobado, o Jung apenas se aproximou do chinês segurando a mão que lhe era estendida. — Você fica esquisito chorando. — Com certa dificuldade, aquelas palavras saíam e Hyun chorava.

— Idiota. — Num êxtase e sem falar sério, por sua felicidade ser maior, resmungou.

QUATRO MESES ATRÁS

Com sucesso, Zhenghao estava alocado na II Coorte e Hyun era o responsável por seu treino. Odiava as sessões de combate onde ele tinha que atacar o namorado, mas sabia que era preciso para que ele pudesse se defender e lá estavam eles, nos Campos de Marte, encerrando um treino de lutas corporais, onde Hao tinha conseguido derrubar Hyun algumas vezes, mas ele nunca admitiria que estava também, facilitando para o chinês pelo medo que tinha, até irracional de acontecer algo com ele. A proteção que já tinha para com o seu amor, tinha se tornado maior e ao dar aquele exercício por encerrado, não se impediu de segurar a mão do mesmo.

Era quase uma mania que ele tinha, depois de rever o chinês e passar quase todo o mês anterior não gostando de o ver longe de si por mais tempo que o preciso. Ele ainda não gostava, porém, aquele detalhe tinha sido substituído com o medo da perda o abater. A sensação que aquilo apenas na sua imaginação era suficiente para que uma ânsia de vomitar se apossasse do seu ser e ele quisesse se encolher e chorar. Caminhando com Zhenghao, o Jung se sentia mais tranquilo enquanto as suas mentes imaginavam mais possibilidades de coisas que pudessem fazer juntos. Ele apenas queria aproveitar daqueles anos todos longe.

— Seung Hyun, estou aqui. — E lá vinha Zhenghao o acalmar.

Era engraçado como apenas uma única presença o acalmava, mas não tirava de Hyun a postura de líder que ele precisava ter. O seu lado mais tranquilo e relaxado, ele exibia pouco, mas muito mais apenas na presença de amigos e especialmente do chinês ao seu enlace que apenas deixou um beijo na sua testa, antes de seguir para o treino seguinte e aquilo até deu uma pontada de dor no seu coração, mas seu espaço racional dizia que era necessário. Respirou novamente sentindo o calor que estava naquele momento, enquanto organizava a arena para o próximo que viesse a usar, nos seus pensamentos rodeavam os novos treinos que deveria aplicar à Hao.

Quando finalmente acabou, ele encontrava-se sentado no chão da Arena, onde olhava o espaço com mais amplitude e ciência dos seus atos. Ele devia parar de pegar leve com o namorado nos treinos, sabia disso. Entretanto, não conseguia por conta da ideia de que deveria-lhe proteger e isso o fazia ter conflitos internos todas as noites quando dormia tendo o seu corpo protegido pelo chinês. Não gostava daqueles pensamentos que o seu lado racional sempre queria enfiar na sua cabeça por serem verídicos. Era algo que Hyun necessitava fazer. Foi tirado dos seus devaneios quando viu a figura de Michelle se aproximar com um sorriso cordial, mas a face preocupada.

— Brigou com o Zhenghao? — Questionou e Hyun negou com a cabeça. — O que foi então, Hyun? — E lá iria ele desabafar.

— Sei o quanto é errado, mas eu não consigo ser rígido com ele nos treinos, tenho medo de machucar ele de algum modo e isso bloqueia-me, porque estou a pegar leve e eu não devo. Todo o dia acordo com medo de perder ele de novo e sinto que se eu pegar mais pesado no treino é isso que vai acontecer. Eu não vou fingir que estou certo e que sou forte, porque estou com medo. Muito... — Hyun ia falar mais alguma coisa, quando os seus olhos desviaram ao redor e viu Hao atrás de si, com uma expressão magoada e aquilo doeu. Por mais que desejasse naquele momento chorar, não conseguia fazer aquilo.

— Fala comigo, Hyun. Odeio essa mania que tem de guardar as coisas. — Birrento, Zhenghao falava à medida que Michelle se retirava. — Eu não sou de porcelana, Seung Hyun, não me trate como se eu fosse, odeio isso. — Resmungou. — Fala, Seung Hyun! — Agoniado com o silêncio, o chinês gritou.

— Quer que eu fale? Eu falo, porra. — Hyun também gritou, irritado. — Esses últimos meses foram um inferno para mim, Zhenghao, você voltou para a minha vida depois de eu supor que estava morto por quatro anos. Tive um ataque de pânico quando me dei conta que você “tinha morrido”, sabe há quanto tempo eu não tinha um? Quando apareceu na minha frente, tive de novo. Eu estava a superar, com dificuldades, mas estava, mas imagine o tombo que tive? O meu amor, estava vivo. E sim, Zhenghao, morro de medo de perder você, e eu não quero ficar sem você, porque se eu não ter você comigo novo, eu não vou aguentar. Eu já não aguento. Todo o dia que abro os olhos, tenho medo de você não estar comigo. — Hyun gritou e não soube dizer em que ponto, começou a chorar.

— E para mim, Seung Hyun? Julga que é fácil? Todos os dias, nos últimos quatro anos, a minha única preocupação era como estava. Se estava vivo, se estava bem. Eu nunca quis desaparecer da sua vida, eu queria ter vindo para cá com você, passar por todo o inferno que foi a Casa de Lupa com você, mas eu não consegui. Esses últimos anos foram um inferno para mim, porque era minha maior preocupação e o meu grande medo era você ter esquecido de mim. Eu não vou ficar aqui para sempre, sabe. Não pode proteger todos para sempre, Seung Hyun. Eu não sou criança. — O chinês também gritou.
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